quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pneumoconioses

As pneumoconioses mais prevalentes são a silicose, a asbestose e a pneumoconiose do trabalhador do carvão. O termo pneumoconiose é largamente utilizado quando se designa o grupo genérico de pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes de trabalho. Excluem-se dessa denominação as alterações neoplásicas e as reações obstrutivas como asma, bronquite e enfisema.(1) Apesar de esse conceito englobar a maior parte das alterações envolvendo o parênquima pulmonar, foi ressaltado o fato de que o termo pneumoconiose pode não ser adequado quando frente a determinadas pneumopatias mediadas por processos de hipersensibilidade que atingem o pulmão, como as alveolites alérgicas por exposição a poeiras orgânicas, a doença pulmonar pelo berílio e a pneumopatia pelo cobalto, por exemplo.(2) Essas considerações têm importância quando se estudam os processos fisiopatogênicos subjacentes a determinadas pneumopatias devidas à inalação de poeiras. No entanto, o termo pneumoconiose continuará a ser utilizado para designar genericamente esse grupo de doenças. As pneumoconioses são didaticamente divididas em fibrogênicas e não fibrogênicas de acordo com o potencial da poeira em produzir esse tipo de reação tecidual. Apesar de existirem tipos bastante polares de pneumoconioses fibrogênicas e não fibrogênicas, como a silicose e a asbestose, de um lado, e a baritose, de outro, existe a possibilidade fisiopatogênica de poeiras tidas como não fibrogênicas produzirem algum grau de fibrose, dependendo da dose e das condições de exposição.
Grande número de pneumoconioses não fibrogênicas são causadas pela inalação de poeiras metálicas a partir de fumos metálicos e poeiras de sais inorgânicos. O Quadro 1 apresenta alguns exemplos de pneumoconioses, com seus respectivos quadros histopatológicos, relacionadas a diversas poeiras.



A distinção quanto à forma química (também chamada de especiação química) do composto metálico inalado é importante com relação ao tipo de reação tecidual desencadeada e ao prognóstico. Como exemplo, pode-se citar o caso do níquel, que na forma de óxidos contidos em fumos pode levar à ocorrência de dano alveolar difuso, e na forma de sais inorgânicos não óxidos pode causar câncer de pulmão.(3)


A silicose é uma doença pulmonar parenquimatosa associada à exposição ao dióxido de silicone cristalino,presente na crosta terrestre. Pode atingir jateadores de areia, perfuradores de rochas, vidreiros, trabalhadores de pedras e do solo, de fundição, de cerâmica, de farinha de sílica, etc6. As lesões iniciais são constituídas por macrófagos repletos de poeira (sílica) que ficam depositados na pleura, parênquima e em região peribrônquica, formando nódulos com núcleo de colágeno, que confluem gerando massas de fibrose maciça progressiva (lesões de tecido conjuntivo hialinizado denso) com pouca inflamação, inclusive em região parahilar.
A exposição à poeira pode gerar tosse e produção de escarro devido a uma bronquite subjacente. Dispnéia clinicamente significativa e rapidamente progressiva pode estar presente, assim como alterações nas provas de função pulmonar. Nesses pacientes, há maior risco de infecção bacteriana. Antes de o diagnóstico de silicose ser firmado, deve-se descartar infecção micobacteriana, que em um número considerável de casos, cursa concomitantemente à silicose 4,5,6.
História ocupacional relacionada à exposição à sílica e os achados radiográficos sugestivos geralmente fazem o diagnóstico da doença6,7,8.
Como a silicose aguda apresenta perda progressiva da função pulmonar, o prognóstico é sombrio, sendo que a forma aguda pode ser rapidamente fatal. A forma crônica de fibrose maciça progressiva pode levar a um comprometimento progressivo e à insuficiência respiratória variáveis.


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