domingo, 19 de setembro de 2010

Gravidez na Adolescência

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. 

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"


(Charles Chaplin)




Pois é... seria tão perfeito que a vida fosse assim, numa ordem cronológica que nos remetesse ao prazer e não ao inverso. Às vezes, nem precisaria de tanto para que a vida fosse boa... bastaria apenas que ela acontecesse exatamente como se dá a ordem natural das coisas e poder-se-ia dizer que ela seria considerada ótima. Não está muito claro? Então vamos nos situar em um exemplo muito comum na atualidade: a gravidez na adolescência.
Para os jovens que se encontram nessa situação, o simples fato de poder voltar atrás e viver a vida como ela é, nua, crua e (muitas vezes) cruel, exatamente como mandam os antiquados padrões já seria suficientemente esplêndido! O que fazer quando uma vida que já não é assim tão fácil torna-se ainda mais complicada em um momento já tão problemático? O que se passa na cabeça? O que se sente? O que se faz?
Tantas perguntas... tantas respostas... tudo varia muito de caso para caso. Mas, antes de mais nada, vejamos um vídeo que resume o início de tudo, um vídeo que mostra parte dos sentimentos que se passam em, tenho quase certeza, 99% dessas histórias. Com o aval de quem entende do assunto em vivência, Gravidez na Adolescência por uma turma de Fisioterapia na UMIME:


















No Brasil, em 2004, foram registrados mais de três milhões de nascimentos dos quais 21,9% correspondiam a mães com idade entre 10 e 19 anos. A gravidez na adolescência ocorre de forma bastante distinta não apenas nas diversas regiões do País, mas também nos vários grupos sociais. Um estudo brasileiro demonstrou que a porcentagem de adolescentes que tinha engravidado pelo menos uma vez na vida variou entre 36,9% na região Nordeste e 12,2% na região Sul. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, conduzida em 2006, mostrou uma relação inversa entre o nível de escolaridade e a ocorrência de gravidez na adolescência que declinou de 40,7% entre as adolescentes não letradas para praticamente zero entre as que tinham 12 ou mais anos de estudo.
Apesar de a gravidez na adolescência ocorrer com maior frequência nos grupos mais empobrecidos, não se pode negar que o fenômeno acontece em todos os estratos populacionais, porém suas consequências podem ser mais negativas para adolescentes cuja inserção social restringe o acesso a bens materiais e imateriais.




Em termos sociais, a gravidez na adolescência pode estar associada com pobreza, evasão escolar, desemprego,ingresso precoce em um mercado de trabalho não-qualificado, separação conjugal, situações de violência e negligência,diminuição das oportunidades de mobilidade social, além de maus tratos infantis. Contudo, as relações causais estabelecidas entre evasão escolar e gravidez na adolescência são controversas. Há evidências de que jovens que evadem da escola possuem mais chances de tornarem-se gestantes adolescentes, sugerindo que a evasão precede a gestação. Por outro lado, outras pesquisas indicam que a gestação na adolescência seria uma das causas da evasão escolar. Almeida, Aquino e Barros (2006) indicam que ambos os fatores – tanto a evasão anterior à gestação (20,5%) quanto a evasão posterior (40%)– estão associadas ao fenômeno de gestação na adolescência. Oliveira (1998) refere que o abandono da escola pode ser fruto do constrangimento, da pressão de professores, de diretores e da própria família, que julgam essa situação como vexatória. Contudo, Castro e cols. (2004) apontam que as jovens abandonam os estudos porque se torna efetivamente mais difícil prosseguir nos mesmos, pois as adolescentes, além de cuidarem dos bebês, muitas vezes ingressam no mercado de trabalho. Essas autoras não encontraram, em sua pesquisa,os preconceitos descritos por Oliveira (1998). No entanto,efetivamente, professores, pais e jovens consideraram que a gravidez, neste momento da vida, diminui as oportunidades da adolescente e dificulta ou mesmo impossibilita aproveitar as experiências que a juventude poderia lhe proporcionar.No entanto, a experiência de gestação na adolescência não é necessariamente um fator limitador das oportunidades de escolarização e da busca por um futuro melhor. Em um estudo realizado com adolescentes paraenses, Pantoja (2003)observou que a maternidade adolescente fortaleceu a permanência da jovem na escola, uma vez que a escolaridade esteve associada, na concepção dessas jovens, às noções de mobilidade social e ao projeto de “ser alguém na vida”. Assim, permanecer na escola foi visto como uma oportunidade para oferecer uma vida melhor ao filho.Em termos psicológicos, a gestação na adolescência está associada à noção de risco na medida em que implica na vivência simultânea de dois fenômenos importantes do desenvolvimento: o ser adolescente e o ser mãe. Tipicamente, ao menos entre as camadas economicamente mais favorecidas da população, a adolescência é considerada um período da vida no qual os jovens deveriam, na medida do possível, explorar possibilidades antes de tomar decisões que exigem maior comprometimento, como escolher uma profissão, casar e ter filhos. Porém, a maternidade na adolescência traz consigo uma série de expectativas e responsabilidades que limitam essas possibilidades de exploração, ao mesmo tempo em que institui um novo espaço de constituição da identidade.A adolescente que engravida, além de exercer o papel de filha, passa a exercer o papel de mãe, e ressignifica, nesse processo, a sua relação com a própria mãe. A posição da adolescente gestante, no contexto familiar, é redimensionada, na medida em que ela precisa desenvolver habilidades e assumir responsabilidades relacionadas ao cuidado do bebê e de si mesma. A família também passa a ter expectativas em relação ao seu desempenho como mãe e em relação ao seu futuro.Independente de ter ou não desejado ser mãe, o papel materno se impõe para a adolescente e passa a assumir um espaço significativo na sua vida. A maternidade exige que a jovem redefina sua identidade levando em consideração o fato de que sua vida, da gravidez em diante, estará vinculada às demandas do filho. A projeção de si mesmo no futuro, elemento importante da construção da identidade na adolescência é substancialmente afetada no caso das adolescentes que engravidam,que precisam lidar com uma nova perspectiva temporal dada pelo desenrolar da gravidez e do próprio desenvolvimento do bebê após o nascimento. Planos são deixados de lado ou redimensionados em função da gestação e da maternidade/paternidade. Contudo, adaptar-se ao papel materno, ao mesmo tempo em que é adolescente e filha, não é uma tarefa fácil para a jovem. De fato, as transformações emocionais e cognitivas características pelas quais as adolescentes passam nesse período do desenvolvimento fazem com que as jovens apresentem mais dificuldades para desempenhar de maneira satisfatória o papel materno, uma vez que não dispõem, na maior parte das vezes, dos recursos psicológicos necessários para entender e tolerar as demandas diárias e frustrações da maternidade. Enfim, as dificuldades, inseguranças e falta de habilidades para o exercício do papel materno, associadas ao pouco conhecimento sobre desenvolvimento infantil que as adolescentes possuem, podem se configurar em um quadro de risco para o desenvolvimento do bebê, uma vez que as respostas das jovens mães às demandas de seus filhos tende a ser aquém ou além das suas necessidades. Contudo alguns estudos mostram que, se a jovem recebe apoio, ela pode superar essas dificuldades.

Além da questão da sexualidade precoce e despreparada que muitas vezes leva ao simples não-uso de métodos contraceptivos, chama a atenção uma outra problemática relacionada à gravidez na adolescência que é pouca conhecida ou, quando conhecida, lhe tem sido oferecida pouco destaque, como Gonçalves e Knauth (2006) lembram: espera-se da mulher um comportamento passivo, enquanto do homem é esperado um comportamento ativo. Assim, o despreparo apresentado por muitas adolescentes em sua primeira relação confirmaria essa atitude passiva. Preparar-se para uma relação, que pode ser indicado através da adoção de um comportamento contraceptivo adequado, implica em uma postura ativa da mulher, que pode ser interpretada como experiência sexual ou “vontade de”. Esses comportamentos considerados ativos colocariam em cheque a moralidade feminina. Assim, a vivência da sexualidade na mulher é considerada moralmente correta se ocorre de forma inocente,sem premeditação, movida pela paixão. Essa produção da “inocência” na jovem sexualmente ativa substitui o valor que a virgindade possuía em momentos anteriores em relação à regulação da sexualidade feminina. Tal atitude passiva, por parte das adolescentes, pode levar a relações sexuais desprotegidas e, por consequência, a gestações indesejadas. Por outro lado, os adolescentes homens não são educados para também se responsabilizarem pelos cuidados anticoncepcionais, deixando tais cuidados muitas vezes apenas para as meninas. A causa do não uso de anticoncepcionais, portanto,não parece ser a falta de informação sobre a necessidade de se utilizar métodos contraceptivos nas relações sexuais.Algumas pesquisas mostram que, entre adolescentes que engravidaram, muitas sabiam que corriam o risco de gravidez e que poderiam ter usado algum contraceptivo. O que ocorre é que a informação não se traduz em comportamento efetivo. E por que isso? Um motivo é que a informação que os adolescentes possuem refere-se à necessidade de uso de contraceptivos, mas não significa que eles possuam conhecimento suficiente para implementar um comportamento contraceptivo adequado. Há estudos mostrando que os conhecimentos sobre métodos de contracepção entre adolescentes são muitas vezes insuficientes para uma efetiva implementação.


Por fim, como a gravidez na adolescência atinge de modo global a família, Hoga et al analisaram a opinião dos familiares sobre as consequências e as possíveis causas da gravidez, numa tentativa de se analisar a repercussão causada pela gravidez ao mesmo tempo em que se analisou até que ponto a estrutura familiar e a educação passada influenciariam nos riscos de se engravidar na adolescência. Como resumo dos seus resultados, temos:

As famílias, cujos membros vivenciaram uma gravidez na adolescência não apontaram aspectos de ordem estrutural pobreza e exclusão familiar como razões que levaram as adolescentes a engravidar, mas, antes de tudo, enfatizaram razões de natureza pessoal. A falta de liberdade e a consequente ausência de autonomia foram consideradas como causas indiretas da ocorrência da gravidez na adolescência. O fato demonstra que os familiares não conheciam, não respeitaram ou não tinham condições de prover o conjunto das necessidades das adolescentes, mostrando um delicado jogo no âmbito das relações parentais entre dar mais autonomia aos filhos nas questões de amizades e saídas noturnas ou adotar uma postura mais rígida e controladora. Ressalta-se que tanto a rigidez dos pais quanto a flexibilidade no trato com as filhas foram simultaneamente apontadas como causas da gravidez.
Em uma investigação sobre sexualidade de adolescentes, revelou-se que os pais compreendem a sexualidade como sinônimo de ato sexual, fazendo com que a abordagem deles em relação às filhas fosse caracterizada por proibição do sexo, ausência de diálogo ou ameaças, gerando dificuldades para o estabelecimento de uma comunicação efetiva sobre sexualidade na família.
A precocidade do namoro foi mencionada como uma das razões da ocorrência da gravidez. Estudos mostram que o namoro está fortemente associado ao início da vida sexual na adolescência, sobretudo por ser o relacionamento afetivo e amoroso mais típico da adolescência, assim como o "ficar". É possível considerar que o namoro necessitaria estar entre os tópicos abordados nas intervenções realizadas com os adolescentes justamente por se constituir em um espaço de exercício das relações entre homens e mulheres que sejam mais igualitárias ou hierarquizadas, podendo ser transpostas as atitudes e práticas sexuais e contraceptivas.
Em relação à anticoncepção, os entrevistados enfatizaram que as adolescentes tinham amplo conhecimento sobre a questão, mas mesmo assim engravidaram. Faz parte do imaginário social acreditar que o simples acesso à informação sobre anticoncepção seria suficiente para garantir práticas contraceptivas consistentes. O descompasso entre o conhecimento e o comportamento no campo da contracepção já vem sendo discutido e pode ser explicado pelo fato de que a contracepção não é uma prática simplesmente racional, mas, sobretudo, relacional e subjetiva, ou seja, é determinada pelo tipo de relação afetivo-amorosa que se dá entre o par, tanto quanto pelas aspirações dos sujeitos.
A má companhia foi indicada como um problema que interfere negativamente na vida das adolescentes. Neste aspecto, importa reconhecer a necessidade da gregária e do pertencimento a grupos típicos desta fase da vida. Além disso, nos momentos de interação com os pares, os adolescentes sentem-se pressionados a incorporar comportamentos alinhados ao grupo, compartilhar visões e seguir regras de conduta cujo conjunto impulsiona-os à adoção de atitudes até mesmo contrárias às orientações recebidas na família e na escola. Isso também pode ser entendido como a negação do domínio parental, na busca de uma declaração de autonomia e individualidade.
A ocorrência da gravidez foi também atribuída a um "desígnio de Deus" ao qual o ser humano deve se submeter. Esta concepção sugere que nada poderia ser feito para evitar a gravidez, indicando que os profissionais devem ter conhecimentos a respeito das crenças e valores das várias vertentes religiosas e dos modos de vivenciar a espiritualidade, para estar capacitado a desenvolver um cuidado significativo deste ponto de vista. Nesse aspecto, considera-se fundamental que os profissionais de saúde integrem as dimensões científica, religiosa e cultural em sua prática clínica.
No desenvolvimento de trabalhos com as famílias, avalia-se a importância de considerar que a identidade, inclusive a religiosa e a cultural, é necessariamente uma construção a ser desvendada. Na sua análise, não é possível decidir se as tradições familiares e culturais se tratam de um peso ou de um avanço. Importa, sobretudo, desvendar como os elementos culturais são processados, quem os processa e por que os processa. Acredita-se que os profissionais de saúde devem estar atentos a estas questões e propiciar reflexões a este respeito durante as atividades assistenciais e educativas que desenvolve.
Houve a tendência de culpar as mães pela ocorrência da gravidez. Por sua vez, muitas delas alegaram que a gravidez aconteceu apesar das insistentes orientações dadas às adolescentes. Algumas mães que não chegaram a fornecer orientações às suas filhas justificaram que a escola e os meios de comunicação se encarregavam desse trabalho, não levando em consideração que a orientação sexual é determinada em conjunto entre todas as agências de socialização presentes na vida dos adolescentes.
O comportamento familiar apenas reforça os dados de uma pesquisa que demonstrou que apenas 20% dos adolescentes recorreram aos pais para sanar suas dúvidas no que diz respeito à sexualidade na adolescência. Em oficinas realizadas com estudantes do ensino médio, revelou-se que este tema é um campo de conflitos entre pais e filhos. Os poucos adolescentes que procuraram os pais para orientação sexual o fizeram com restrições, pois os assuntos de maior intimidade eram reservados aos amigos. Estes são indícios de que todos os membros da rede de relações dos adolescentes necessitam ser agregados ao trabalho de promoção da saúde sexual e reprodutiva desse segmento.






Em resumo: Toda essa abordagem aqui exposta tem como objetivo não só a própria prevenção da gravidez na adolescência, através da conscientização dos próprios jovens aos mostrar mais uma vez toda uma série de dificuldades que a gravidez não planejada oferece, mas principalmente dos pais que muitas vezes ignoram a questão da sexualidade dos filhos ou acham que dialogar sobre esses assuntos servem como um estímulo para uma sexualidade que não lhes é conveniente no momento, ao passo que já é comprovado que a família tem sim um papel fundamental na educação sexual de jovens e adolescentes e mesmo na questão contraceptiva. Além disso, sabemos o quanto é confuso para os próprios pais lidar com os impulsos e princípios de uma adolescência que cresce em uma realidade completamente diferente da sua e isso fica claro quando esses adolescentes também se vêem pais, momento em que surge uma maior compreensão a respeito do papel do outro na família. Foi visado também a questão do acolhimento desses jovens pais, à medida em que se possa oferecer a eles uma estrutura e suporte principalmente emocional, para que cada vez mais as estimativas de continuidade de estudos visando uma carreira possam aumentar e esses jovens possam ter o direito de pensar que não é por um deslize que a vida deles estacionou naquele ponto, pois, se bem analisado, surge nesse ponto um ciclo vicioso, em que pais adolescentes infelizes criariam seus filhos em meio a um ambiente de frustração, os quais cresceriam sem muitas expectativas de "crescer" na vida ou ainda com o fardo da culpa pela frustração dos pais e, no futuro, não seriam bons profissionais, bons pais ou mesmo teriam um risco aumentado de também se tornarem pais adolescentes. Vê-se aí um ponto que não é de interesse nem para as famílias nem para a sociedade como um todo, visto que não se haveria uma evolução e, pelo contrário, haveria um aumento de despesas para o governo através de famílias carentes de estabilidade, saúde, educação e vivenciando uma miséria diária material e imaterial.




De um jeito ou de outro, o que não pode acontecer é tapar os olhos e fingir que esse tipo de problema só acontece com o vizinho, que é problema de quem não se cuida ou que nunca irá nos atingir direta ou indiretamente, pois, a verdade é que esse já deixou de ser um problema de saúde pública para passar a uma realidade cotidiana e constantemente vítima de pré-conceitos que nem levam a uma solução, nem engrandecem ninguém.


Reflexão e ação já!








O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)


(Charles Chaplin)






Mais informações em: Razões e reflexos da gravidez na adolescência: narrativas dos membros da família
Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo

2 comentários:

  1. Respostas
    1. fica esperta porque esses homens so quer abusa da menina e depois joga fora

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